Comparações entre espécies de eucalipto e outras espécies florestais mostram que, no Brasil, florestas plantadas consomem menos água que as matas nativas.Tal evidencia é bastante consistente e se baseia em resultados de inúmeros estudos e pesquisas. Em relação a outras culturas agrícolas, a eficiência do eucalipto no aproveitamento da água garante maior produtividade a seu cultivo.

O consumo de águas pelas florestas plantadas aumenta na época das chuvas, quando o volume hídrico no solo é elevado e suficiente para suprir os mananciais. Contudo, nos períodos em que o solo está mais seco, a perda de água pela transpiração das árvores diminui consideravelmente.

A folhagem do eucalipto retém menos água das chuvas do as árvores das matas tropicais, que possuem copas mais amplas. Por isso, nas áreas plantadas, um volume pluviométrico maior vai direto para o solo, ao passo que, na mata tropical nativa, a água retida nas copas evapora .

Estudos científicos recentes tem mostrado que não há muita diferença entre o consumo de água de diversas espécies florestais e o eucalipto durante sua fase de crescimento. Já em comparação com a agricultura, ele apresenta consumo hídrico parecido com o do café e inferior ao da cana-de-açúcar.
Em países com pouca água disponível como Espanha, Itália, Israel e Marrocos, grandes extensões vêm sendo usadas, sem problemas, para o plantio de eucalipto. Em Israel, por exemplo, o cultivo dessas espécies por cerca de 20 a 30 anos permitiu que áreas de deserto hoje sejam utilizadas para a agricultura.

Uma das principais preocupações do setor florestal é o equilíbrio ambiental entre áreas de produção e reservas naturais para a preservação da flora e da fauna. As florestas plantadas são consorciadas com reservas nativas, somando aproximadamente 3 milhões de hectares preservados. Esse consórcio permite formar, em muitos casos, verdadeiros corredores ecológicos que promovem a variedade da flora e da fauna, protegendo a qualidade da água e assegurando a sustentabilidade das áreas cultivadas, constituindo-se num recurso natural e renovável.

Um importante beneficio da cultura do eucalipto, além de reduzir a necessidade de desmatamento das florestas naturais, é o de colaborar com a minimização do aquecimento global. Isso porque as árvores plantadas são mais eficientes que muitas plantas nativas na retirada do gás carbono da atmosfera, o principal responsável pelo efeito estufa.

O estudo mostra que os eucaliptais são melhores para esses animais como áreas de passagem do que as plantações de cana-de-açúcar, por exemplo. As empresas protegem os eucaliptos contra os incêndios. Ainda que o eucalipto seja uma monocultura, existe uma situação de proteção ali, mas, se só tiver eucalipto, não iria adiantar nada, porque nossos animais não vivem apenas no eucaliptal.

Nos últimos dois anos, o engenheiro agrônomo Jorge Maurino da Silva, do Instituto Paranaense de Pesquisa e Extensão (Emater), promoveu uma pesquisa sobre a influência do sistema silvipastoril na fertilidade do solo. Com a coleta de cerca de mil amostras, houve a constatação de maior fecundidade em área arborizada que em área a pleno sol. É um grande indicativo de que, cultivar árvores em áreas de pastagens, é um investimento bastante vantajoso para criadores de gado.

O experimento que teve o resultado transformado em dissertação de mestrado na Unoeste, foi realizado em duas áreas com o mesmo tamanho, de quatro alqueires cada. Uma mantida em pleno sol, e na outra, foram plantadas árvores da espécie Grevílea, com seis metros de distância entre as plantas e 35 metros entre as ruas. A maior fertilidade ocorreu na área arborizada, transformada em sombreamento que favoreceu a concentração do gado.

O estrume do gado, os galhos e as folhas das árvores, formam uma massa orgânica que promovem a fertilização natural do solo. Resultado: melhor pasto, ganho com o gado de corte ou de leite. O pecuarista ainda agrega valor com a venda da madeira, o que já é feito no Sítio Modelo, local da pesquisa e que fica a 2,5 Km da zona urbana de Campo Mourão – Paraná, onde o proprietário Aguinaldo Venâncio já cultivava Grevílea. Junto com seu primo, que é seu vizinho, montou uma serraria para transformar a madeira em caixaria.

Para atingir ponto de corte, a Grevílea precisa de 15 anos, mas, ao ganhar determinada altura, já serve de abrigo para o gado nos períodos de maior intensidade do sol. Para a sua extração, ainda que leve o dobro do tempo em relação ao eucalipto, a Grevílea se torna vantajosa exatamente por isso. O criador tem por mais tempo a área sombreada e também o dobro do tempo para fazer o replantio.

Para os membros da banca examinadora da defesa pública de Silva, a pesquisa consistiu num difícil trabalho de campo e resultou em uma riqueza de dados. A avaliação da dissertação “Atributos do Solo em Função da Distribuição das Excretas Bovinas em Sistema Silvipastoril”,  foi feita pelos doutores Carlos Sérgio Tiritan (orientador), Edemar Moro e Reges Heinrichs, este último convidado especial junto a Unesp em Dracena.

Tiritan espera a publicação da pesquisa em revista científica e acredita que haverá bastante procura, por conta da qualidade do trabalho e os dados apresentados. “Essa pesquisa traz contribuição para quem quer estudar mais sobre o assunto”, diz o orientador.